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Coordenação do CEFEP visita São Gabriel da Cachoeira no extremo norte no Amazonas

Padre Paulo Adolfo
Padre Paulo Adolfo

Secretário Executivo

Na semana de 24 a 28 de julho Odete e Renê Mioto e Pe. Paulo Adolfo da coordenação do CEFEP estiveram na diocese de São Gabriel da Cachoeira na região conhecida como Cabeça do Cachorro situada no extremo noroeste do estado do Amazonas. A região é conhecida por ser a área mais preservada da Amazônia brasileira e por estar na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela.  Na ocasião participaram da quinta etapa Escola de Teologia da diocese a convite de seu bispo Dom Edson Damian e puderam conviver com os setenta e cinco aprendizes da escola. A visita faz parte do projeto do CEFEP que procura aproximar o Centro das escolas locais e é financiado pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS. A primeira visita aconteceu no mês de maio na escola de Fé e Política “Martin Luther King Junior” da Igreja Batista de Coqueiral em Recife – PE.

Em São Gabriel da Cachoeira a equipe do CEFEP ofereceu contribuição com a reflexão sobre a Relação Fé e Política e o ajudou no processo de criação de uma escola local de Fé e Política local. A temática foi bem aceita e assimilada pelos participantes da escola que já tem uma boa caminhada em estudos eclesiais e teológicos. Alguns disseram que depois de toda a caminhada de formação feita nos quatro módulos anteriores essa foi a mais importante, pois tratou da relação Fé e Vida que põe o Evangelho na realidade das pessoas e suas necessidades mais vitais. Após um amplo debate foi aprovada a criação da escola Local de Fé e Política. A equipe da atual escola de teologia, acrescida de dois cefepianos locais ficou encarregada de elaborar o projeto político pedagógico e financeiro da escola e apresenta-lo na Assembleia de Pastoral da diocese.

Desde 2014, com a quinta turma, o CEFEP mantém uma parceria com a diocese de São Gabriel para a formação de agentes locais e o bispo diocesano Dom Edson Damian tem enviado alunos para o Curso Nacional de Política para Cristãos. Já passaram pela formação o Trinho, Leonardo Cordeiro, Melvino Fuentes e na nona turma temos o Wellington Cordeiro.

A Diocese de São Gabriel da Cachoeira pertence à província eclesiástica de Manaus e ao Conselho Episcopal do Regional Norte I da CNBB, que reúne os estados do Amazonas e Roraima. É constituída por três municípios: Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira abrangendo uma área de 286.866 km² e está organizada em dez paróquias. De acordo com a Wikipédia a diocese foi criada primeiro como prelazia do Rio Negro no dia 1º de maio de 1925, pelo Papa Pio XI. Foi transformada em diocese pelo Papa João Paulo II, no dia 30 de outubro de 1980, ainda com o nome de Diocese de Rio Negro. No dia 21 de outubro de 1981, João Paulo II mudou o nome da diocese para São Gabriel da Cachoeira. A população gira em torne de aproximada de 70.000 habitantes, com 90,3% de católicos. Uma característica importante da população local é ser majoritariamente indígena, cerca de 90 % da população total. São em torno de 23 etnias, sendo as principais: Tukano, Baniwa, Bessame, Yanomami, entre outras. Esses povos falam três línguas oficiais: nheengatu, tukano e baniwa e suas variações. O contato das populações locais com os não indígenas se deu por volta dos anos de 1.600. Mais tarde chegaram os primeiros missionários salesianos que desempenharam papel importante na transformação cultural dos indígenas, preparando-os para o contato com o mundo trazido pelos europeus. Hoje os 23 povos do Rio Negro estão organizados na Federação das Organizações dos Indígenas do Rio Negro fundada em 1987, a FOIRN que é uma das principais organizações do movimento indígena no Brasil, sendo referência mundial sobre a defesa dos povos indígenas na América Latina.

Na primeira parte da formação foi lançada em São Gabriel a primeira versão da Constituição Federal de 1988 na língua indígena geral do Rio Negro, o Nheengatu, criada pelos jesuítas para facilitar a comunicação. Estiveram presentes no evento a ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara e a presidente da FUNAI, Joênia Wapichana, ambas mulheres indígenas. A convite do bispo, Dom Edson Damian, visitaram a escola teológica, o que trouxe enorme satisfação ao grupo. Algumas pessoas presentes salientaram que embora a língua geral não seja conhecida de todos as etnias da região, essa tradução já é um grande passo para tornar a Carta Magna da República mais próxima ao povo indígena.