A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade iniciou nesta quarta-feira o Módulo B3, no qual refletirá sobre “Participação, responsabilidade e autoridade”. Isso vem depois de um trabalho que o Cardeal Hollerich, relator geral do Sínodo, descreveu como belo, emocionante e exigente. O Arcebispo de Luxemburgo alertou para duas tarefas a serem realizadas após o término da atual sessão da Assembleia: devolver às Igrejas locais os frutos do trabalho, reunidos no Relatório Síntese, e reunir os elementos para concluir o discernimento no próximo ano, carregado de uma consciência mais clara do Povo de Deus sobre o que significa ser uma Igreja sinodal e os passos a serem dados para sê-lo.
Processos, estruturas e intuições em uma Igreja sinodal missionária
A pergunta inicial do quarto módulo leva a uma reflexão sobre os processos, as estruturas e as instituições necessárias em uma Igreja sinodal missionária. Esse módulo tratará de questões de mudanças na vida do discipulado missionário e da corresponsabilidade. Tudo isso em uma Igreja que, nas palavras de Hollerich, “não é muito sinodal”, onde muitos “sentem que sua opinião não conta e que alguns ou apenas uma pessoa decide tudo”.
A partir daí, ele analisou as cinco planilhas do Módulo que serão trabalhadas pelos Círculos Menores: a renovação do serviço da autoridade, afirmando que “onde reina o clericalismo há uma Igreja que não se move, uma Igreja sem missão”, algo que também pode afetar os leigos; a prática do discernimento em comum, perguntando como introduzi-lo nos processos de tomada de decisão da Igreja, em diferentes níveis, buscando um consenso que supere a polarização; a criação de estruturas e instituições que favoreçam a participação e o crescimento; a promoção de estruturas continentais, Assembleias Eclesiais, redes entre Igrejas locais, garantindo a unidade com Roma; a relação dinâmica entre sinodalidade, colegialidade episcopal e primazia petrina.
Questões delicadas
Hollerich reconheceu que “essas são questões delicadas, que exigem um discernimento cuidadoso”, às quais serão dedicados os trabalhos deste Módulo e o ano que antecede a segunda sessão da Assembleia Sinodal. Questões delicadas “porque tocam a vida concreta da Igreja e o dinamismo do crescimento da tradição”, afirmando que “um discernimento errado poderia cortá-la ou congelá-la. Em ambos os casos, ele a mataria”.
Nas palavras do Relator Geral do Sínodo, “é através da participação que podemos trazer a visão inspiradora para a terra e dar continuidade no tempo ao impulso da missão”, alertando que “a concretude também implica o risco de dispersão em detalhes, anedotas, casos particulares”. A partir daí, ele pediu para “fazer um esforço especial para manter o foco no objetivo que estamos buscando”, algo que está incluído nas perguntas para discernimento de cada parte, pedindo para evitar sair pela tangente.
Convergências e divergências
Sobre o trabalho dos grupos de discernimento comunitário, o cardeal pediu “para expressar convergências, divergências, questões a serem exploradas e propostas concretas para avançar”, solicitando aos facilitadores, a quem agradeceu por seu trabalho, “que não tenham medo de nos pressionar, mesmo que de forma um pouco decisiva, quando precisarmos deles para nos ajudar a não perder o foco”.
Por fim, desejando “um trabalho frutífero neste Módulo, que beneficiará toda a Igreja”, ele enfatizou que “o discipulado missionário ou a corresponsabilidade não são apenas frases feitas, mas um chamado que só podemos realizar juntos, com o apoio de processos, estruturas e instituições concretas que realmente funcionem no espírito da sinodalidade”.
Por Luis Miguel Modino, texto originalmente publicado no site do Regional Norte 1 da CNBB.