A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB orienta que os cristãos leigos e leigas sejam formados adequadamente para atuar no campo da Política (doc. 109 nr. 107 e 179). Nessa perspectiva mais de 90 escolas locais (diocesanas) e regionais (regionais da CNBB) tem procurado a desde os anos de 1990 preparar cristãos leigos e leigas para a ação no mundo da política. Nesse momento, incentivados pela CNBB e motivados pelas falas e iniciativas do Papa Francisco bem como instigados pelo complexo contexto político e social do Brasil, novas escolas vão surgindo e escolas já existentes vão se fortalecendo. Nesta semana, o surgimento de três novas escolas foram anunciadas.
- A primeira escola, do regional Sul 4 da CNBB, estado de Santa Catarina. Receberá o nome de ESCOLA DE FÉ E CIDADANIA “DOM JOSÉ GOMES” e será realizada no Centro de Formação Católica de Lages. As aulas serão em quatro etapas entre os dias 22 e 24 de maio, 25 e 27 de setembro deste ano, 19 e 21 de março de 2021 e 23 e 25 de julho de 2021.
A escola oferece dez vagas para cada diocese e também haverá vagas para as pastorais e movimentos eclesiais e para a juventude. Os interessados devem fazer contato peloe-mail para leninha.cebs@gmail.com. Hospedagem e alimentação serão custeados pelo Regional Sul 4. Mas para ajudar na arrecadação desses recursos será realizado nos dias 6 e 7 de março, entre 8h e 17h um bazar com a venda de roupas novas doadas por uma grande rede de lojas. O bazar vai ser na paróquia São Francisco de Assis que fica na Rua Antonio José da Costa s/n, bairro Adhemar Garcia. Será aceito cartão de débito e crédito para a compra.
2. Uma escola local está sendo criada na arquidiocese de Vitória no Espírito Santo, regional Leste 2. Anunciada recentemente, a ESCOLA DE FÉ E POLÍTICA “DOM SILVESTRE LUÍS SCANDIAN” deve ser um espaço focado na formação de lideranças para fortalecer a atuação social da Igreja Católica no Espírito Santo. “O foco são pessoas com engajamento em pastorais ou comunidades eclesiais de base para promover formação política e consciência crítica. Não é uma escola para formar candidatos. É formar consciência crítica, para que a Igreja possa fazer o trabalho que sempre fez”, diz o professor de Filosofia da Universidade Federal do Estado (Ufes), Maurício Abadalla, coordenador pedagógico da escola.
Em 2020 serão 47 participantes dos ciclos de formação, incluindo leigos atuantes nas pastorais, seminaristas e outros indicados por entidades ligadas à igreja. Serão quatro módulos de formação com atividades a serem realizadas nos intervalos entre um módulo e outro. O primeiro deles acontece de 15 a 17 de maio, no Centro de Treinamento Dom João Batista, na Praia do Canto, em Vitória.
O Módulo um irá abordar a Bíblia e o ensino social da igreja, além de mística e espiritualidade. Num segundo encontro, o centro será a estrutura socioeconômica no Brasil e no mundo. No terceiro, uma abordagem sobre Estado e democracia, considerando a história política do Brasil e a conjuntura atual.
Já o módulo quatro, que marcará o encerramento do curso, que deve ser anual, apresentará alternativas sociais para a transformação da atual realidade, considerando novos paradigmas de desenvolvimento, bem viver e iniciativas relacionadas com economia solidária, agroecologia e sustentabilidade. Também haverá destaque às formas de atuação dos cristãos na política por meio do engajamento nas pastorais e movimentos sociais e na defesa de direitos humanos e lutas das minorias sociais.
Maurício Abdalla explica que a criação de uma Escola de Fé e Política não é uma invenção capixaba, mas segue a direção da experiência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que fomenta o Centro de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep), com foco na formação de cristãos leigos. A iniciativa no Espírito Santo fará parte da rede de escolas das dioceses que se relacionam com a rede da Cefep.
O coordenador pedagógico já assessorou experiências similares pelo Brasil, que considera muito positivas no sentido de ajudar a retomar o papel social e político que a Igreja Católica cumpria, sobretudo na década de 1980, por meio das comunidades eclesiais de base. “Se trata de formar as pessoas para atuarem no mundo de forma crítica, evitando o fundamentalismo e o uso da igreja para fortalecer o conservadorismo”, diz Abdalla.”A formação crítica tem como consequência a atuação desses cristãos em movimentos sociais, uma atuação mais presente na sociedade, em diversas formas de fazer política, para impedir aqueles que querem manipulá-la para interesse próprio possam dominar esses espaços”, complementa o professor.
Ele cita a grande manipulação que vem acontecendo nos últimos anos no Brasil com a difusão de notícias falsas que são absorvidas por grande parte da população,por incapacidade crítica de uma análise mais profunda. “O povo está carente desse tipo de formação. Se a sociedade civil não assumir o trabalho de formação, a massa vai continuar sendo manipulada”, considera, ressaltando que a Escola de Fé e Política é uma iniciativa eclesial mas que ações com formato similar poderiam e deveriam ser feitos em outros espaços como sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais e culturais e organizações das periferias.
No entender do coordenador pedagógico do projeto, a Escola de Fé e Política reflete o espírito que o Papa Francisco vem manifestando para a Igreja Católica. “Não é um novo espírito, mas como um papa latino ele está recuperando características que a igreja teve na América Latina, de ser uma igreja popular, mais próxima da realidade do povo e da política”, afirma, lembrando como um dos marcos a Conferência do Episcopado em Medellín em 1968, no embalo do Concílio Vaticano II, em que se destacou o debate sobre o papel da Igreja Católica na transformação social da América Latina, traçando diretrizes de atuação.
Mauricio Abadalla destaca também a acolhida imediata da proposta por Dom Darío Campos, que se tornou Arcebispo de Vitória no início do ano passado e vem apoiando o fortalecimento do papel social da Igreja e seu engajamento junto à sociedade. A coordenação executiva da Escola de Fé e Política será exercida por Vitor César Zile Noronha, com apoio de uma coordenação geral e de uma rede de assessores.
O nome do projeto homenageia Dom Silvestre Luiz Scandian, religioso capixaba falecido em 2019, que foi Arcebispo de Vitória por 20 anos, entre 1984 e 2004, sucedendo Dom João Batista da Mota e Albuquerque.
3) A Arquidiocese de Pouso Alegre – MG, também do regional Leste 2, anuncia a recriação de uma Escola de Fé e Política com o objetivo de oferecer aos cristãos e às cristãs leigos que se sentem impelidos a um aprofundamento de sua fé por
meio da política, uma formação sólida à luz da Sagrada Escritura e da Doutrina da Igreja Católica, afim de subsidiar uma construção da ação política que vise ao bem comum, à liberdade, à justiça, à paz e à salvaguarda da criação. A escola terá duração de um ano, um sábado por mês em dois núcleos: Itajubá e Pouso Alegre. Os temas a serem estudados serão: Leitura das vivências da fé cristã em relação à ação política, hoje; Os princípios da Doutrina Social da Igreja; A relação Fé e Política; A contribuição cristã para a política; A contribuição da Política para a Economia de Francisco; Economia de Francisco: o projeto do Papa Francisco para a Economia; As propostas para a construção da ação política dos cristãos e cristãs hoje, a partir da Economia de Francisco; Roda de conversa para troca de informações e experiências das economias solidária, de comunhão; Políticas públicas construídas a partir dessas experiências, para seu fortalecimento.
Fontes: site da diocese de Joinvile http://www.diocesejoinville.com.br/;
Jornal Século Diário https://seculodiario.com.br;
e Arquidiocese de Pouso Alegre