As eleições deste ano, no Brasil, se realizam em um clima de muitíssima agressividade, provocado sobretudo pela ingerência de grandes poderes econômicos e midiáticos na vida política, que utilizam mecanismos de manipulação ideológica com forte carga emocional, para elegerem políticos que defendam seus interesses corporativos. Difundem fake news, ou seja, notícias falsas sobre outros concorrentes, proliferando preconceitos e irracionalidades. Cometem, até mesmo, sacrilégios, utilizando-se de linguagem e símbolos religiosos para endeusarem seus candidatos que nada têm de divinos, sobretudo se instigam violência.
Nosso sistema político, marcadamente competitivo, fomenta fanatismos e extremismos, destrói de modo absurdo, laços familiares, comunitários e amizades, bem como a comunhão entre pessoas da mesma fé. Em um país com tanta pobreza, até mesmo os pobres se dividem. Grande parte da população que depende do trabalho para viver e manter a família, em lugar de defender causas comuns, em favor de seus direitos, se deixa manipular por candidatos e grupos políticos que se apresentam falsamente patriotas. Na realidade, são, também, marionetes, ou seja, manuseados por grandes poderes econômicos com ramificações internacionais.
Manipulações ideológicas de cunho político tendem a gerar ditaduras de poderes econômicos sustentados por forças militares. Exemplos disso, foram e continuam sendo abundantes no mundo. O Brasil Republicano já passou por vários períodos ditatoriais. O terror que geraram, esquecido ou desconhecido por muitos, não pode ser desconsiderado. O respeito ao estado de direito necessita prevalecer sempre. Nossa preciosa democracia, tão frágil ainda, em lugar de retroceder, necessita avançar. O direito de cada pessoa a viver com dignidade necessita ser assegurado. Os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras necessitam ser garantidos.
Trabalho e educação deverão ser prioridades. Afinal, todas as famílias necessitam ser sustentadas pelo trabalho em condições dignas e implicadas em processos educativos. Educação integral de qualidade para todos deverá, sem dúvida, ser uma meta fundamental. Investimentos educativos focados no humanismo integral e no desenvolvimento do cooperativismo econômico nos ajudarão a superar grandes dificuldades culturais e sociais. Que essa educação fortaleça vínculos familiares e comunitários, forme, especialmente as novas gerações para a defesa da vida e para o trabalho com função social, e desenvolva a cultura da solidariedade e da paz!
Qual destino, então, escolhermos, senão da união entre todas as pessoas que almejam o bem comum, a justiça e a paz social? Se construirmos projetos comuns, em lugar de nos destruirmos mutuamente, seremos muito mais felizes. Comecemos pelo respeito às ideias e propostas partilhadas para que possamos crescer juntos! Que tal, então, substituirmos o fanatismo pela reflexão? Os detentores de poder e seus aliados não querem que usemos nossa inteligência para descobrir suas artimanhas e a força de nossa união. Escolheremos estar do lado deles ou nos uniremos para construir um futuro sem novas opressões?
As imagens bíblicas da libertação do povo de Deus, escravo no Egito, e da redenção em Jesus Cristo, são inspiradoras para o momento que vivemos. Optaremos por ser soldados do Faraó ou povo livre e unido que caminha em direção à terra prometida? Escolheremos o militarismo do Império Romano ou o Cristo Ressuscitado, vencedor do sistema que o condenou e o matou? Seremos cúmplices desse sistema que tem novas formas, hoje, ou o transformaremos segundo os critérios do Reino de Deus inaugurado por Cristo? Nós, nos armaremos e nos destruiremos uns aos outros ou nos amaremos mutuamente? Que o Espírito Santo nos ilumine!
Jales, 10 de outubro de 2018.
Fonte Site CNBB