A “superação da violência”, tema da Campanha da Fraternidade 2018, abriu o 5º bloco do Debate de Aparecida no qual os bispos indicados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fizeram perguntas aos candidatos. O cardeal dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, perguntou ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, como pretende, caso seja eleito, promover a superação da violência que se manifesta complexa e assustadora no Brasil?
Haddad, à direita na foto, reconheceu que a violência é um tema que aflige aos brasileiros e brasileiras e defendeu que é necessário fazer uma abordagem conjunta para combatê-la. Segundo ele, em primeiro lugar, é necessário investir no social. O candidato citou Deus, quem, em sua avaliação, distribuiu o talento democraticamente e afirmou que cabe aos homens distribuir as oportunidades democraticamente. Segundo ele, a falta de oportunidades é um dos fatores de aumento da violência. “Quanto mais alternativas oferecermos aos jovens e trabalhadores mais alternativas terão à violência”, disse.
O segundo ponto defendido por ele foi coibir a violência. Ele afirmou que o atual sistema de segurança pública atribui majoritariamente responsabilidades aos 26 estados e ao Distrito Federal e que, em sua avaliação, estes não estão dando conta de resolver a questão. Segundo ele, é preciso implantar um sistema único de segurança que preveja, em primeiro lugar, o trabalho conjunto entre prefeitos e governadores na organização dos territórios e que, como segundo ponto, federalize crimes que tenham caráter nacional. “Muitas organizações criminosas estão atuando no plano nacional e não local”, disse.
Segundo ele um governador certamente fracassará se combater sozinho um crime que tenha natureza mais abrangente. Neste sentido, apontou a necessidade de fortalecer a Polícia Federal com um maior contingente para atuação nos três níveis (municipal, estadual e federal) para coibir os crimes que mais afetam a população( homicídio, estupro e roubo).
Diálogo versus polarização – Dom Francisco Biasin, bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNBB dirigu sua pergunta ao candidato do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Guilherme Boulos, líder do movimento Nacional dos Trabalhadores Sem Teto. A pergunta abordou a questão da polarização na política no Brasil. O candidato do Psol respondeu sobre como promoverá, caso sela eleito, o diálogo em seu eventual governo, particularmente com os outros poderes da República e com os movimentos sociais.
A candidato buscou fazer uma distinção de qual polarização a pergunta fala. Na avaliação dele, a polarização que produz o ódio e a violência no lugar do debate político deve ser rechassada. O candidato afirmou ser importante reconhecer que o Brasil não está polarizado por acaso. Para ele, o abismo social entre ricos e pobres é uma polarização que deve ser superada. “Enquanto não varrermos a desigualdade social para debaixo do tapete a polarização e as diferenças vão continuar”, afirmou.
Ele defendeu o diálogo democrático entre os poderes em contraposição à compra de apoio por meio de oferta de cargos nas estatais, base de negociação do atual modelo de governabilidade que em sua avaliação encontra-se podre. Ele defendeu uma governabilidade ampliada para além das instituições públicas com o povo sendo chamado para o centro das decisões governamentais. “A democracia brasileira não pode ser como o Big Brother onde as pessoas só decidem quem fica e quem sai da casa, mas não decidem o que acontece dentro dela”, disse. “Está na hora de o povo brasileiro decidir o que acontece dentro da casa”, defendeu.
Fonte CNBB