9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas. “Precisamos que os povos originários moldem culturalmente as Igrejas locais amazônicas… Que possam transparecer uma Igreja com rosto amazônico e uma Igreja com rosto indígena”.
“O reconhecimento destes povos – que jamais podem ser considerados como minoria, mas como autênticos interlocutores – assim como de todos os povos originários, nos lembra que não somos os detentores absolutos da criação”, com estas palavras o Papa Francisco encorajava os povos indígenas, em seu discurso no Encontro com os Povos da Amazônia, no marco de sua Visita Apostólica ao Chile e ao Peru, em janeiro de 2018.
A reportagem é publicada por Vatican News, 09-08-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Estas palavras pronunciadas pelo Santo Padre em Puerto Maldonado adquirem um maior significado no Dia Internacional dos Povos Indígenas. Desde que as Nações Unidas decidiram, em 2007, pela aprovação da Declaração dos Povos Indígenas, se celebra sempre na data de 9 de agosto o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Este ano, em âmbito eclesial, esta celebração adquire particular relevância no contexto do Sínodo dos Bispos para a Região Amazônica, convocado para outubro de 2019.
Defender os povos indígenas
“Considero imprescindível realizar esforços para gerar espaços institucionais de respeito, reconhecimento e diálogo com os povos nativos – afirmava o Papa – assumindo e resgatando a cultura, língua, tradições, direitos e espiritualidade que lhes são próprias”.
Um diálogo intercultural no qual vocês, frisou o Pontífice, sejam os “principais interlocutores, sobretudo na hora de avançar em grandes projetos que atinjam seus espaços”. O reconhecimento e o diálogo será o melhor caminho para transformar as históricas relações marcadas pela exclusão e pela discriminação.
“Desta preocupação surge a opção primordial pela vida dos mais indefensos. Estou pensando – salientava o Santo Padre – nos povos referidos como Povos Indígenas em Isolamento Voluntário (PIAV). Sabemos que são os mais vulneráveis entre os vulneráveis. A desigualdade de épocas passadas os obrigou a isolarem-se até de suas próprias etnias, iniciando uma vida de cativeiro nos lugares mais inacessíveis do bosque para poder viver em liberdade”. Continuem defendendo estes irmãos mais vulneráveis, encorajava o Papa Francisco, sua presença nos recorda que não podemos dispor dos bens comuns no ritmo da ganância e do consumo. É preciso que existam limites que nos ajudem a preservar-nos de toda tentativa de destruição massiva do ambiente que nos constitui.
A riqueza dos povos indígenas
Os povos indígenas representam uma grande diversidade: mais de 5.000 grupos diferentes, em cerca de 90 países, que falam uma esmagadora maioria de aproximadamente 7.000 línguas do mundo. Estão constituídos por 370 milhões de pessoas aproximadamente, ou seja, mais de 5% da população mundial e, contudo, se encontram entre as populações mais desfavorecidas e vulneráveis, representando os 15% dos mais pobres.
Os povos indígenas herdaram e praticam culturas e formas únicas de se relacionar com as pessoas e com o meio ambiente. Retêm, além disso, características sociais, culturais, econômicas e políticas que são diferentes das predominantes nas sociedades em que vivem. Apesar das suas diferenças culturais, os povos indígenas do mundo todo compartilham problemas comuns na hora de proteger seus direitos como povos diferentes.
As populações indígenas têm buscado, durante anos, o reconhecimento de suas identidades, sua forma de vida e o direito sobre seus territórios tradicionais e recursos naturais. No entanto, ao longo da história, seus direitos têm sido sempre violados.
Atualmente, encontram-se, sem dúvida, entre as populações mais vulneráveis e prejudicadas do mundo. A comunidade internacional reconhece agora que são necessárias medidas especiais para proteger seus direitos e manter suas culturas e formas de vida.
Fonte IHU