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ELEIÇÕES 2018: ENTRE O DESEJO E AS INCERTEZAS – Por Eugênio Magno

A política tem dinâmica veloz e no atual período em que vivemos também se reveste de uma absurda imprevisibilidade. Quero dizer com isto que muita água ainda vai passar debaixo da ponte entre o instante em que escrevo este texto e as eleições.

Dia 5 foi o último dia para que os partidos fizessem suas convenções e definissem candidaturas, chapas e alianças, e 15 de agosto é o prazo máximo para que o registro de candidatos e coligações seja apresentado à Justiça Eleitoral. Existe ainda a possibilidade de que o STF venha a julgar nos próximos dias o novo pedido da defesa de Lula para que ele seja solto e possa disputar as eleições de outubro.

Mas o quadro de agora é o seguinte: o PSB, depois de cortejado por Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) optou pelo PT. A estratégia do PT foi ganhar esse importante aliado, partido que mais cresce no Brasil e é identificado como de centro-esquerda, embora tenha apoiado o impeachment da presidenta cassada, Dilma Rousseff. Com esse acordo o PT arregimentará importantes cabos eleitorais pelo país afora e, a despeito do sacrifício imposto a Marília Arraes, em Pernambuco, tirou Márcio Lacerda (PSB) do páreo ao Governo de Minas e lançou um colete salva-vidas para livrar Fernando Pimentel do naufrágio. O acordo das legendas PT-PSB incluiu ainda a retirada das candidaturas petistas aos governos do Amapá, Amazonas e Paraíba para apoiar candidatos do PSB nesses Estados.

Até o dia 5 de agosto havia especulações, senão sugestões, das quais compartilhava, indicando que talvez fosse a hora certa de Ciro e PT quebrarem o gelo, se juntarem de uma vez e definirem uma chapa com Lula como presidente e Ciro como vice ou Ciro na cabeça de chapa e outro nome do PT como vice. Seria o melhor dos mundos, esse acordo entre PT e PDT. Com essa configuração teríamos arsenal suficiente para fazer frente ao fenômeno Jair Bolsonaro e a gigantesca coligação “direitão-centrão”, de Alckmin. Entretanto, não foi o que aconteceu e as coisas continuam nebulosas. O futuro de Lula é incerto. Para o primeiro turno o PT conseguiu apenas manter sua aliança histórica com o PC do B, uma vez que o acordo com o PSB não inclui a disputa presidencial. Manuela d’Ávila deixou sua candidatura para ficar de stand by, como uma possível vice de Fernando Haddad, se a candidatura de Lula não acontecer. E o número de eleitores indecisos atinge mais de 30 pontos percentuais. Entre os progressistas, a chance de disputar o segundo turno está entre Ciro e o candidato do PT. Ciro, sozinho tem pouquíssimas chances e se o candidato do PT não for Lula, as chances de um segundo turno com a participação da esquerda é mínima.

Independentemente de como esse quadro se desenhe, tem algo importantíssimo a que partidos estão alertas, mas não tem merecido a atenção devida por parte do eleitorado. Estou me referindo à formação do Congresso Nacional e de Parlamentos Estaduais qualificados, que estejam em linha com o projeto político de candidatos progressistas a presidente e a governador, para assegurar governabilidade aos chefes do executivo que serão eleitos.

 Eugênio Magno Assessor do CEFEP