É com profundo amor fraterno e, ao mesmo tempo, angústia que nos dirigimos aos bispos, nesse momento difícil que o Brasil atravessa. Como os senhores sabem, vivemos uma realidade social e política, marcada por um agravamento trágico das desigualdades sociais e também por uma onda de ódio, difamação e desprezo ao diálogo. A violência vem aumentando contra todos/as que se levantam a favor dos direitos humanos, a favor da tão necessária reforma agrária e urbana, a favor da ampliação e efetivação de todos os direitos sociais. Sabemos que os meios de comunicação têm contribuído muito para criar essa situação.
E nos esperançamos em pensar que nossa Igreja, representada por paróquias, capelas e comunidades em todo o país, nas cidades e no interior, pode ser um eficaz instrumento a serviço da paz e da justiça. Por isso, vemos com tristeza e preocupação que, assim como na sociedade, os grupos fundamentalistas se organizam e fazem muito barulho, gerando dor, confusão e dúvidas nas comunidades, também nos ambientes internos da Igreja, cada vez mais têm havido incidentes de conflitos e de intolerância por causa do serviço pastoral da Igreja e pelo fato de seguirmos o evangelho de Jesus.
*É triste ver cristãs e cristãos,* (pessoas homens e mulheres) que por causa do evangelho, assumem a missão de trabalhar pela justiça social, por um mundo sem desigualdades e pela integridade da Criação serem atacados e caluniados. Tivemos ataques e acusações injustas à Campanha da Fraternidade, ao Fundo Nacional de Solidariedade, as Pastorais Sociais, Cebs, Organismos e até a própria CNBB. Grupos fundamentalistas criam, repetem inverdades e mentiras, sem nos dar o direito ao diálogo para afastar qualquer dúvida e esclarecer os fatos.
Compreendemos que nossos pastores prefiram não responder diretamente a esses ataques e acusações. No entanto, como agentes de pastoral percebemos que, nas comunidades, as pessoas se sentem confusas e esperam uma palavra clara do episcopado.
Também, nós, Pastorais Sociais, Organismos de Promoção Humana, CEBs, queremos e buscamos comprometer-nos com o apelo dos nossos bispos em Aparecida por uma Conversão Pastoral. Sabemos que as nossas estruturas eclesiais e toda ação social da Igreja são chamadas a uma renovação permanente. Isso implica em conversão contínua, em mudanças de métodos, em revisão de estruturas e de linguagens, para sermos fieis ao mandato evangélico de anunciar a boa nova aos pobres e, assim, sermos fieis ao compromisso libertador e profético que a Fé em Jesus Cristo nos impele.
Por isso, pedimos a ajuda e a presença dos nossos Pastores nesta caminhada. Por favor, nos ajudem. Dialoguem com o conjunto dos bispos e presbíteros, e outros setores da Igreja, para que compreendam o lugar dessa missão na Igreja e na sociedade.
O Papa Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate no seu número 07 “é preciso ter em grande consideração o bem comum. Amar alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas: o bem comum. É o bem daquele ‘nós todos’, formado por indivíduos, famílias e grupos intermediários que se unem em comunidade social”.
Neste Ano do Laicato, lembramos que a maioria dos Agentes de Pastoral, são leigas e leigos, que por causa do seu batismo.
Pastorais Sociais