O cardeal Christoph Schönborn quer “uma porcentagem maior de mulheres em cargos de liderança” na Igreja e, por isso, propõe um Concílio da Igreja sobre sua ordenação “como diaconisas, sacerdotisas e bispas”. Ele fez essa proposta durante uma entrevista publicada no domingo da Páscoa, na qual também afirmou que a questão da ordenação de homens casados “certamente será discutida” no Sínodo Pan-Amazônico.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 07-04-2018. A tradução é de André Langer.
Em sua conversa com jornalistas dos jornais austríacos Die Presse e Salzburger Nachrichten, o arcebispo de Viena comentou, a respeito da ordenação de mulheres e homens casados, que “as questões organizacionais são importantes” na Igreja, “e eu acredito que há espaço para melhorias, também um potencial necessário para mudanças”. “Uma das questões-chave é o papel das mulheres na Igreja”, continuou o cardeal: “ali, as comunidades religiosas como um todo precisam de desenvolvimento”.
Sobre quem na Igreja tem a competência para levar a cabo tais mudanças ou desenvolvimentos, o cardeal Schönborn especificou que “a ordenação [de mulheres] é uma questão que claramente só pode ser esclarecida por um Concílio. Um papa não pode decidir isso sozinho. É uma questão grande demais para ser decidida na mesa de um papa”. E, para o cardeal, embora o Papa João Paulo II tenha fechado a porta à ordenação das mulheres, na Igreja há “um princípio católico tradicional, que é o desenvolvimento da doutrina”, cujo peso é sentido especialmente agora, com o Papa Francisco, e de uma maneira “empolgante”. Como exemplo desse princípio, o cardeal recorreu à decisão do Papa Bergoglio, já há um ano e meio, de equiparar a festa de Maria Madalena “às festas dos apóstolos”. “Pode-se dizer que é uma coisa pequena. Mas mostra uma mudança de consciência”, enfatizou.
“A Igreja é uma comunidade e grandes decisões devem ser tomadas juntos”, disse o também editor do Catecismo da Igreja Católica, propondo nesse sentido, e na linha de sua ideia de que um Concílio seja convocado, “que continuemos no caminho da sinodalidade na Igreja, o que o Papa encoraja fortemente”.
“Eu confio em que haverá um novo Concílio, sempre que vier. João XXIII, naquela época, reconheceu o momento certo, quando ninguém esperava. Eu confio no Espírito Santo”, disse Schönborn. Fé na tutela divina da Igreja que o cardeal espera que também seja sentida no Sínodo Pan-Amazônico planejado para outubro de 2019, no qual a questão da ordenação de homens casados “certamente será discutida”.
Fonte IHU