Ao contrário do que se viu na eleição de 1989, onde “quem votasse em Brizola, Lula, Covas, Maluf ou Ulysses sabia bem o que esperar desses candidatos”, o cenário eleitoral deste ano não desperta a mesma confiança, porque “hoje, nenhum dos candidatos representa uma proposta estruturada para o que vai ser o Brasil nas próximas décadas, ou melhor, perante as próximas décadas”, afirma Diego Viana na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line.
Sobre as possíveis candidaturas à presidência, ele é assertivo: “Bolsonaro é uma aventura irresponsável, Lula é uma tentativa de juntar os cacos, Alckmin foi um governador sem ideias e seria um presidente sem ideias, Boulos tem o mérito da coordenação dos sem-teto, uma liderança de esquerda que emerge desses novos movimentos; mas não parece ir muito além, pelo que demonstram suas declarações”. E adverte: “É claro que a eleição é um momento crucial e provoca modificações importantes, mas o que tenho visto, e me deixa um pouco preocupado, é que muita gente concentra todas as suas atenções no problema do que vai acontecer em outubro — principalmente pensando em evitar que aconteça o pior. Mas por mais que a eleição possa precipitar eventos, acelerar tendências ou freá-las, para tentar entender as próprias tendências é preciso pensar além das eleições. Afinal, se temos um crescimento de candidaturas extremistas, se temos um legislativo cada vez mais obscurantista, nada disso se explica por uma única eleição”.
Viana pontua ainda que a discussão sobre a reinvenção da política precisa antes de tudo compreender o que essa proposta significa, porque “o que temos visto ultimamente com o nome de ‘reinvenção da política’ é a ideia de rejuvenescê-la, moralizá-la e assim por diante”. Se é para reinventá-la, sugere, “é para reinventar a fundo: o que é a política em tempos pós-neoliberais, depois da derrocada das sociedades salariais e dos movimentos de massa do século XX, depois do esvaziamento dos partidos tradicionais? O que é a política quando não basta mais pensar simplesmente em comunidades humanas delimitadas por fronteiras geográficas, mas precisamos incluir aí diferentes culturas, diferentes formas de vida e o sistema em geral de sustentação da vida no planeta?”, questiona.
O tema desta entrevista será abordado por Diego Viana na palestra intitulada O momento brasileiro e a reinvenção política. Limites e possibilidades, nesta quinta-feira, às 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU. O evento integra o 3º Ciclo de Estudos A esquerda e a reinvenção da política no Brasil contemporâneo. Limites e perspectivas.
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Fonte IHU