Após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, as crises social e política no Brasil se aprofundaram. A esquerda no país perdeu permeabilidade em vários setores da sociedade e está enxergando a ascensão de uma extrema-direita conservadora. Assim, politicamente, o país encontra-se polarizado.
Um exemplo disso foi o julgamento do ex-presidente Lula. As opiniões se dividiram entre a condenação e a absolvição do petista, no TRF-4, em Porto Alegre. A justiça optou pela condenação de Luiz Inácio Lula da Silva, entretanto a esquerda ainda enxerga na figura do ex-presidente uma forma de trazer novamente a agenda progressista para o centro do poder.
Avaliando este contexto de incertezas no país, Tatiana Roque, professora do Instituto de Matemática da UFRJ, destacou, em entrevista ao sítio do IHU, a importância da retomada de um projeto à esquerda voltado para a redução das desigualdades. “A desigualdade é muito naturalizada no Brasil, por isso precisamos de reformas. O projeto neoliberal exprime a urgência de reformas em termos de gastos, e nós (que ainda nos dizemos de esquerda) devemos afirmar essa urgência, mas exprimi-la em termos de diminuição das desigualdades.”
A esquerda e o PT
Dentro desse cenário conturbado, alguns cientistas políticos comentaram a situação da esquerda no momento político atual, ente eles, Pablo Ortellado, doutor em Filosofia e professor da USP, em entrevista ao sítio do IHU, comenta que o PT restabeleceu sua hegemonia como liderança de esquerda após o processo de impeachment de Dilma Rousseff. “O PT reapareceu como grande líder no campo da esquerda. Esse era um papel que estava muito desgastado em um passado recente e que ele recuperou totalmente. Hoje, sem dúvida, a principal força de esquerda é o PT.”
Limites e perspectivas
Traçando novas propostas para o quadro político brasileiro, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o “3° Ciclo de Estudos: A esquerda e a reinvenção da política no Brasil contemporâneo. Limites e perspectivas”, que busca aprofundar o debate acerca da situação da esquerda no país, tencionando os esgotamentos e as possibilidades do cenário atual. O evento ocorre a partir de 22 de março a 30 de maio de 2018, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. Para mais informações, clique aqui.
Confira a programação:
22 de março de 2018
19h30min às 22h – O momento brasileiro e a reinvenção política. Limites e possibilidades
MS Diego Viana – Doutorando na USP e na Université Paris Diderot (Paris VII) – França
09 de abril de 2018
19h30min às 22h – Novos desenvolvimentismos no Brasil. Tendências e desafios para a economia brasileira
Prof. Dr. Ricardo de Medeiros Carneiro – Unicamp
15 de maio de 2018
19h30min às 22h – Trabalho, renda universal, (des)igualdades e a reinvenção da esquerda. Desafios e perspectivas
Profa. Dra. Tatiana Roque – UFRJ
28 de maio de 2018
9h às 10h30min – A modernidade viscosa latino-americana e a reinvenção política
Prof. Dr. Eduardo Gudynas – Centro Latino Americano de Ecología Social – CLAES – Uruguai
11h às 12h15min – Populismo pós-estrutural e multidão. Possibilidades à reinvenção política brasileira e latino-americana
Raúl Zibechi – Uruguai
14h às 15h30min – O contexto latino-americano e a reinvenção da política e da esquerda
Prof. Dr. Pablo Miguez – Universidad de Buenos Aires – UBA – Argentina
16h15min às 17h30min – O cenário político e da esquerda no Brasil à luz do contexto latino-americano
Prof. Dr. Pablo Ortellado – USP
Fonte IHU