Fé, Política e Democracia. Novos desafios
Paulo Fernando Carneiro de Andrade
As eleições de 2010 no Brasil trouxeram novas e urgentes questões em torno à articulação entre fé e política. Durante um largo período o grande esforço empreendido neste campo foi o de defender a legitimidade, e mesmo necessidade, da relação entre fé e política contra àqueles que, normalmente identificado com as forças mais conservadoras da sociedade, defendiam uma radical separação entre estas duas esferas. Para estes últimos qualquer tentativa de articulação entre Fé e Política resultava em uma instrumentalização da Fé a serviço de uma ideologia política. Fé e Política eram como óleo e água e deviam permanecer não só distintas, mas separadas, para não se contaminarem. Habitualmente justificavam sua posição evocando Lc 20,25: “Pois bem, dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” em uma leitura descontextualizada. Nos últimos anos emergiu uma nova posição que culminou nas eleições presidenciais de 2010: agora ninguém parece mais colocar em questão a relevância social da Fé Cristã e a necessidade de articular Fé e Política. Surge, porém, uma outra questão. Esta articulação tem sido algumas vezes feita de modo selvagem, em uma transposição direta, sem mediações, de uma esfera a outra. Sem dúvida a articulação entre Fé e Política é uma necessidade seja para a Fé, seja para a Política, porém nem toda articulação entre Fé e Política é legítima. Diante disto, a nova agenda da Pastoral Social e Política não deve ser mais o debate sobre a necessidade desta articulação, mas sobre o modo como esta relação deve se dar, legitimamente, em uma sociedade democrática, respeitando o que é próprio da Fé e o que é próprio da Política, evitando instrumentalizações nocivas à Fé e à Política.
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