A Mosca Azul – Reflexão sobre o poder
Frei Betto
Capítulo XXXI
Trata da relação entre fé e política. A prática libertadora de Jesus.
Cristianismo e marxismo. A mística
Por encontrar em minhas convicções religiosas, cristão que sou, a motivação para o engajamento político, sinto-me no dever de encerrar esta obra com um capítulo a respeito da relação entre fé e política, o que suscita, com extensão a todo o país, o Movimento Fé e Política, cujos encontros nacionais, promovidos desde 2000, atraem milhares de militantes interessados em aprofundar o tema.
“Não há nada mais político do que dizer que a religião nada tem a ver com a política”, diz o bispo sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz. Na América Latina, não se pode separar fé e política, assim como não seria possível fazê-lo na Palestina do século I. Na terra de Jesus, detinha o poder político quem tinha em mãos também o religioso. E vice-versa. Talvez soasse estranho, hoje, a certos ouvidos introduzir a leitura do Evangelho falando dos atuais chefes de Estados. No entanto, ao iniciar o relato de Jesus, Lucas primeiro a situa no contexto político e informa que “já fazia quinze anos que Tibério era imperador romano. Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes governava a Galiléia e seu irmão Felipe, a região da Ituréia e Traconites. Lisânias era governador de Abilene. Anás e Caifás eram os presidentes dos sacerdotes” (3, 1-2).
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